Ana Silvia Massud Cavalcanti Faustino
Psicóloga CRP 06/94795- Psicoterapia Psicanalítica

Filhos biológicos também precisam ser "adotados"


  Imaginar que a adoção refere-se somente a filhos não biológicos pode ser um engano e a idealização de filhos que serão do jeito que eu quero que sejam pode ser a origem da insatisfação e infelicidade de muitas famílias.

A maternidade, a paternidade e a construção de uma família pela chegada dos filhos, além da alegria e sentimento de realização podem dar origem a algumas situações, que passam despercebidas e no futuro serão causas de insatisfação. Fantasias e expectativas não realizadas quase sempre estão presentes em tais situações. A chegada do filho cria a figura do "herdeiro" e as fantasias e as expectativas fazem com que pais e mães construam "castelos" que acabam enclausurando seus filhos em traumas de consciência que muitas vezes os acompanham por toda a vida gerando infelicidade e insatisfação.

Um filho não vem ao mundo para resgatar um casamento que não vai indo bem, ou substituir um ente querido que se foi.
Há que se entender que este novo ser tem seus próprios desejos, anseios e que são e precisam ser diferentes dos de seus pais.

Para Freud em Romances Familiares (1909) "Ao crescer, o individuo liberta-se da autoridade dos pais, o que constitui um dos mais necessários, ainda que mais dolorosos, resultados do curso do seu desenvolvimento."

Idealizar um filho homem e receber uma menina, idealizar um filho saudável e receber um bebezinho que não corresponde a este ideal são situações do mundo que vivemos e não do mundo que sonhamos.

Para alguns pais viver mundo dos sonhos é a única forma possível, a filha menina é uma frustração e a criança que necessitará cuidados especiais é um pesadelo.
A primeira reação é a de que o mundo desabou em nossas cabeças, todos os sonhos caem por terra, surgem então muitas perguntas: Como será a vida dele? Ele vai sofrer? Serei capaz de cuidá-lo?

Com o tempo uma nova relação se estabelece, agora sim com o filho que nasceu e não com o filho que queríamos que nascesse e ai pode-se aproveitar as alegrias da maternidade e da paternidade. Muitas vezes é um trabalho duro e que a psicoterapia pode ajudar neste momento.

Em outros casos os "castelos" desmoronam, quando os filhos crescem e realizam suas escolhas e que são diferentes (ou até, muito diferentes) das expectativas de seus pais, seja em pequenas coisas como não querer tomar o leitinho que a mamãe fez, ou vestir a roupa que ela escolheu, ou em situações mais complexas como escolhas de uma nova profissão, da orientação sexual, religiosas. Novamente o mesmo sentimento: Tudo que fiz foi por água a baixo, tanto investimento, tantas noites sem dormir, onde foi que eu errei....

Adotar o filho que temos significa abandonar o mundo das idealizações, nossos planos embora feitos com afeto e carinho precisam comportar os desejos e anseios do outro, nossos filhos precisam entender e validar suas escolhas de forma que assumam as responsabilidades e conseqüências das mesmas, pensando suas questões e conquistando seus caminhos, o filho que temos pode não ser o que queremos, mas ele é capaz de fazer escolhas diferentes das nossas e que muitas vezes não concordamos e podemos até achar que não é a melhor opção, pois ao nosso ver ele ira sofrer...

 No espaço terapêutico muitas questões podem ser pensadas, o que hoje parece uma situação "inconcebível", "inaceitável" pode ser vista de outra forma, o importante é que pais e filhos através do pensamento possam elaborá-las e assim pais e filhos podem estar mais inteiros e fortalecidos nesta relação tão necessária e dolorosa que é os crescimento.
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